Detalhando o perfil de atividade dos jovens brasileiros que não estudam nem trabalham: o papel da busca por trabalho e dos afazeres domésticos*
An analysis based on data from Pnad 2015
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0164Palavras-chave:
Jovens, Condição ocupacional, Afazeres domésticos, MicroeconometriaResumo
Uma questão presente na literatura que trata dos jovens que não estudam nem trabalham é a carência da compreensão de suas características. O objetivo do presente estudo foi encontrar os determinantes do perfil dos jovens que se encontram nas diferentes categorias de condição ocupacional − trabalha e estuda; só trabalha; só estuda; nem estuda nem trabalha, mas procura emprego (“nem-nem” ativo); e nem estuda nem trabalha e nem procura emprego (“nem-nem” inativo) −, bem como buscar a relação entre o fato de os jovens encontrarem-se nas duas últimas categorias e a maior incidência de afazeres domésticos semanais em seus domicílios. Assim, com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2015, empregaram-se os métodos logit multinomial e de contagem (regressão de Poisson: incidence rate ratios e zero inflated). Os resultados mostram que o perfil de um jovem pertencente à condição ocupacional “nem-nem” ativo difere-se consideravelmente de outro classificado como “nem-nem” inativo, principalmente quanto ao gênero e à situação de residência. Relativamente às demais categorias, a carga horária de afazeres domésticos incide com maior frequência nos jovens “nem-nem” ativos e inativos, ao passo que estes também estão menos propensos a se pouparem das atividades domésticas. Mostrou-se de suma importância o discernimento entre ativos e inativos para a categoria dos que nem trabalham nem estudam e, a partir dos resultados encontrados, pode-se traçar indicativos de uma inatividade generalizada em parte dessa população, acendendo o alerta para a necessidade de políticas trabalhistas orientadas para o público jovem no Brasil.
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