Tendências na alocação do tempo no Brasil: trabalho e lazer

Autores

  • Ana Luiza Neves de Holanda Barbosa IPEA, Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.20947/s102-3098a0063

Palavras-chave:

Uso do tempo, lazer, oferta de trabalho, gênero

Resumo

O objetivo deste artigo é documentar as tendências na alocação do tempo no Brasil entre 2001 e 2015. Em particular, pretende-se analisar a evolução das jornadas semanais de trabalho no mercado e em afazeres domésticos, além do tempo semanal dedicado ao lazer. A análise é feita por gênero e tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados revelam que os homens desfrutam de mais horas de lazer do que as mulheres, ainda que haja uma tendência de redução dessa diferença ao longo do tempo. Há uma elevação do tempo dedicado ao lazer para ambos os sexos, mas este aumento se dá de forma mais acentuada para as mulheres. Os resultados mostram ainda que a ampliação do número de horas de lazer ao longo do período foi ocasionada por razões diversas entre homens e mulheres. Para eles, a elevação do lazer (de quatro horas semanais) pode ser explicada pela redução expressiva nas horas trabalhadas no mercado, enquanto para elas, o ganho de sete horas semanais de lazer deve-se à redução nas horas dedicadas aos afazeres domésticos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUIAR, M.; HURST, E. Consumption vs. expenditure. Journal of Political Economy, v. 113, n. 5, p. 919-948, 2005a.

_________. Lifecycle prices and production. Cambridge: NBER, 2005b. (Working Paper, n. 11.601).

_________. Measuring leisure: the allocation of time over five decades. Quarterly Journal of Economics, v. 122, n. 3, p. 969-1006, Aug. 2007.

_________. The increase of leisure inequality: 1965-2005. Washington: Aei Press, 2009.

AGUIAR, M.; HURST, E.; KARABARBOUNIS, L. Recent developments in economics of time use. The Annual Review of Economics, v. 4, p. 373-397, 2012.

BARAJAS, M. L. Avanços na América Latina na medição e valoração do trabalho não remunerado realizado pelas mulheres. In: FONTOURA, N.; ARAÚJO, C. (Org.). Uso do tempo e gênero. Rio de Janeiro: UERJ, 2016.

BARBOSA, A. L. N. H. Tendências nas horas dedicadas ao trabalho e lazer: uma análise da alocação do tempo no Brasil.

Rio de Janeiro: Ipea, 2018 (Texto para Discussão, n. 2416).

_________. Participação feminina na força de trabalho brasileira: evolução e determinantes. In: CAMARANO, A. A. Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de Janeiro: Ipea, 2014. p. 407-442.

BARBOSA, A. L. N. H.; COSTA, J. Oferta de creche e participação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil. Mercado de Trabalho – Conjuntura e Análise, ano 23, n. 62, p 23-35, 2017.

BARROS, R. P.; OLINTO, P.; LUNDE, T.; DE CARVALHO, M. The impact of access to free childcare on women’s labor market outcomes: evidence from a randomized trial in low-income neighborhoods of Rio de Janeiro. Washington: World Bank, 2011.

BECKER, G. S. A theory of the allocation of time. Economic Journal, v. 75, n. 29, p. 493-517, 1965.

_________. The economic approach to human behavior. Chicago: The University of Chicago Press, 1976.

BENHABIB, J.; ROGERSON, R.; WRIGHT, R. Homework in macroeconomics: household production and aggregate fluctuations. The Journal of Political Economy, v. 99, n. 6, p. 1166-1187, Dec. 1991.

BIDDLE, J.; HAMERMESH, D. Sleep and the allocation of time. Journal of Political Economy, v. 98, n. 5, p. 922-941, 1990.

BIRCH, E. R.; LE, A. T.; MILLER, P. W. Time use surveys. In: BIRCH, E. R.; LE, A. T.; MILLER, P. W. (Ed.). Household divisions of labour. London: Palgrave Macmillan, 2009. cap. 2.

BUSSAB, W.; MORETTIN, P. Estatística básica. 4. ed. São Paulo: Atual, 1987.

BROWNING, M.; CHIAPPORI, P. A.; WEISS, Y. Economics of the family. Cambridge: United Kingdom: University Press, 2014.

CAMARANO, A. A. (Org.). Novo regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? Rio de Janeiro: Ipea, 2014.

CAMARANO, A. A.; EL GHAOURI, S. K. Idosos brasileiros: que dependência é essa? In: CAMARANO, A. A. (Org.). Muito além dos 60: os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro: Ipea, 1999. p. 281-306.

CAMPOS, A. Trabalho e tempo livre. Brasília: Ipea, 2012. (Texto para Discussão, n. 1767).

CAMPOS, A.; PHINTENER, M. Tempos sociais no Brasil: a experiência de distintos grupos etários nos anos recentes. In: MACAMBIRA, J.; ARAÚJO, T.; LIMA, R. (Org.). Mercado de trabalho: qualificação, emprego e políticas sociais. Fortaleza: IDT, 2016a.

_________. Tempos sociais de jovens no Brasil urbano. In: SILVA, E.; BOTELHO, R. (Org.). Dimensões da experiência juvenil brasileira e novos desafios às políticas públicas. Brasília: Ipea, 2016b.

CODAZZI, K.; PERO, V.; SANT’ANNA, A. A. Social norms and female labor participation in Brazil. Review of Development Economics, v. 22, n. 4, p. 1513-1535, 2018.

COSTA, D. From mill town to board room: the rise of women’s paid labor. Journal of Economic Perspectives, v. 14, n. 4, p. 101-122, 2000.

COSTA, J. S. M. Determinantes da participação feminina no mercado de trabalho brasileiro. 2007. Tese (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

FONTOURA, N. et al. Pesquisas de uso do tempo no Brasil: contribuições para a formulação de políticas de conciliação entre trabalho, família e vida pessoal. Revista Econômica, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 11-46, jun. 2010.

GOLDIN, C. Life-cycle labour force participation of married women: historical evidence and implications. Journal of Labour Economics, v. 7, n. 1, p. 20-47, 1989.

GREENWOOD, J.; GUNER, N.; KOCHARKOV, G.; SANTOS, C. Technology and the changing family: a unified model of marriage, divorce, educational attainment, and married female labor-force participation. American Economic Journal: Macroeconomics, v. 8, n. 1, p. 1-41, Jan. 2016.

GREENWOOD, J.; VANDENBROUCKE, G. Hours worked: long-run trends. In: DURLAUF, S. N.; BLUME, L. E. The new palgrave dictionary of economics. 2. ed. United Kingdom: Palgrave Macmillan, 2008.

GREENWOOD, J.; SESHADRI, A.; YORUKOGLU, M. Engines of liberation. Review of Economic Studies, v. 72, n. 1, p. 109-133, 2005.

GRONAU, R. Home production: a survey. In: ASHENFELTER, O.; LAYARD, R. (Ed.). Handbook of labor economics. Amsterdam: North Holand, 1986. p. 273-303.

HECKMAN, J. Effects of child-care programs on women’s work effort. Journal of Political Economy, v. 82, n. 2, p. 136-163, 1974.

_________. Introduction to a theory of the allocation of time by Gary Becker. Germany: IZA, 2014. (Discussion Paper, n. 8424).

INADA, K. On a two-sector model of economic growth: comments and a generalizations. Review of Economic Studies, v. 30, n. 2, p. 119-127, 1963.

KOPECKY, K. The trend in retirement. International Economic Review, v. 52, n. 2, p. 287-316, 2011.

KRUEGER, D.; PERRI, F. Does income inequality lead to consumption inequality? Evidence and theory. Review of Economic Studies, v. 73, n. 1, p. 163-193, Jan. 2006.

KURODA, S. Do japanese work shorter hours than before? Measuring trends in market work and leisure using 1976-2006 japanese time use surveys. Journal of the Japanese and International Economies, v. 24, n. 4, p. 481-502, 2010.

_________. Leisure. Japan Labor Review, v. 10, n. 4, p. 16-23, 2013.

MELO, H. P.; CONSIDERA, C. M.; DI SABBATO, A. Os afazeres domésticos contam. Economia e Sociedade, Campinas, v. 16, n. 3, p. 435-454, dez. 2007.

MINCER, J. Labor force participation of married women: a study of labor supply. In: UNIVERSITIESNATIONAL BUREAU COMMITTEE FOR ECONOMICA RESEARCH. Aspects of labor economics. Princeton: National Bureau of Economic Research, 1962.

_________. Market prices, opportunity costs, and income effects. In: CHRIST, C. (Ed.). Measurement in economics. Stanford: Stanford University Press, 1963.

_________. Studies in labor supply: collected essays of Jacob. United Kingdom: Edward Elgar, 1993. v. 2.

OLMOS, P. Time poverty in developing countries. Mimeografado.

ONU – Organização das Nações Unidas. Declaração e plataforma de ação da IV Conferência Mundial sobre a Mulher. Pequim: ONU, 1995.

POSADAS, J. Grandparents as child care providers: factors to consider designing child care policies. Washington: World Bank, 2012. (Economic Promise, n. 101).

PEREIRA, R. H.; SCHWANEN, T. Tempo de deslocamento casa-trabalho no Brasil (1992-2009): diferenças entre regiões metropolitanas, níveis de renda e sexo. Brasília: Ipea, 2013. (Texto para Discussão, n. 1813).

PINHEIRO, L. S. O trabalho nosso de cada dia: determinantes do trabalho doméstico de homens e mulheres no Brasil. Tese (Doutorado) – Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia, Brasília, 2018.

POLLAK, R.; WACHTER, M. The relevance of the household production function and its implications for the allocation of time. Journal of Political Economy, v. 83, n. 2, p. 255-277, 1975.

QUEIROZ, V. S.; ARAGÓN, J. A. O. Alocação de tempo em trabalho pelas mulheres brasileiras. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 787-819, out.-dez. 2015.

ROBINSON, J.; GODBEY, G. Time for life: the surprising ways americans use their time. 2. ed. Pennsylvania: Penn State University Press, 1999.

SOARES, C.; SABOIA, A. L. Tempo, trabalho e afazeres domésticos: um estudo com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 e 2005. Rio de

Janeiro: IBGE, 2007. (Texto para Discussão, n. 21).

SORJ, B.; FONTES, A.; MACHADO, D. Políticas e práticas de conciliação entre família e trabalho no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 573-594, set./dez. 2007.

SIMINSKI, P. The effect of earnings on housework: pros and cons of HILDA’s time use data items. In: ACSPRI SOCIAL SCIENCE METHODOLOGY CONFERENCE, 6., 2006, Sydney. Proceedings…Sydney: ACSPRI, Dec. 2006.

STEWART, J. Tobit or not Tobit? Germany: IZA, 2009.(Discussion Paper Series, n. 4588).

UNITED NATIONS. Guide to producing statistics on time use: measuring paid and unpaid work. New York: United Nations, 2005.

_________. The worlds women 2015: trends and statistics. New York: United Nations, 2015.

VANDENBROUCKE, G. A model of the trends in hours. New York: University of Rochester, 2005. (Research Report, n. 11).

Downloads

Publicado

2018-06-11

Como Citar

Barbosa, A. L. N. de H. (2018). Tendências na alocação do tempo no Brasil: trabalho e lazer. Revista Brasileira De Estudos De População, 35(1), 1–28. https://doi.org/10.20947/s102-3098a0063

Edição

Seção

Artigos originais