Expulsando os pobres e redistribuindo os ricos: " dinâmica imobiliária" e segregação residencial na cidade do Rio de Janeiro

Resumo

Expulsando os pobres e redistribuindo os ricos: “dinâmica imobiliária” e segregação residencial na cidade do Rio de Janeiro. O artigo explora o papel mediador do setor imobiliário na estruturação interna da cidade, em geral, e na geração da segregação residencial, em particular. Assim, examina-se em que sentido os efeitos da mobilidade das famílias sobre os preços relativos dos imóveis usados orienta espacialmente a produção de novas habitações ou se, alternativamente, seriam os movimentos autônomos, dos incorporadores (segundo lógica própria), os responsáveis pelo deslocamento das famílias e conseqüentemente da estruturação interna da cidade. Demonstra-se que o mercado de apartamentos é ainda predominantemente de alta renda (em contraste com o observado nas cidades dos países avançados), e que a rápida desconcentração espacial deste mercado de alta renda - associada ao “fechamento por dentro" do mercado nas áreas valorizadas e à necessidades de diferenciar e inovar e nos empreendimentos imobiliários para deslocar a demanda efetiva nos segmentos mais lucrativos de alta renda - desempenhou papel importante, mesmo que de forma indireta, na expulsão dos familiares de baixa ronda das áreas submetidas a maior intensidade de operações imobiliárias.