Rainha das águas, dona do mangue: um estudo do trabalho feminino no meio ambiente marinho

Autores

  • Neuza Maria de Oliveira UFBA

Resumo

Rainha das águas, dona do mangue: um estudo do trabalho feminino no melo ambiente marinho. Análise preliminar dos aspectos econômicos, sócio-am¬bientais, culturais e simbólicos que orientam, organizam e determinam o acesso e a exploração dos recursos naturais marinhos pelas mulheres das comunidades pesqueiras do Recôncavo Baiano, região Nordeste do Brasil. Nestas comunidades, a divisão sexual do trabalho reservou às mulheres, além de todas as tarefas em terra, a exploração, para consumo doméstico ou venda no mercado, de moluscos e crustáceos que ocorrem nas áreas de mangue, faixa de transição entre a terra e a água. Mostra que esta divisão do trabalho expressa-se simbolicamente nas narrativas afro-religiosas dos mitos femininos das águas: o mangue, ecossistema t{pico das regiões tropicais e costeiras, apresenta um alto grau de reprodutividade das espécies animais e vegetais que aí ocorrem - as trocas energéticas com o meio adjacente o tomam berçário natural de várias espécies de pescado e ainda local de desova, reprodução e crescimento -, sendo por isso percebido no imaginário local como o lado materno do meio marinho. Postula que o trabalho das marisqueiras no mangue está condicionado diretamente à dinâmica reprodutiva ambiental do ecossistema, a qual determina direta e indiretamente o volume da produção coletada, as relações de mercado e o cotidiano social das comunidades pesqueiras locais. Mostra, ainda, que na sua atividade produtiva estas mulheres combinam mito, magia e produção, cujos referentes simbólicos são inspirados nas divindades do panteão afro-baiano, principalmente nos mitos femininos aquáticos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

1993-12-31

Como Citar

Oliveira, N. M. de. (1993). Rainha das águas, dona do mangue: um estudo do trabalho feminino no meio ambiente marinho. Revista Brasileira De Estudos De População, 10(1/2), 71–88. Recuperado de https://rebep.org.br/revista/article/view/493

Edição

Seção

Artigos originais