Os arranjos familiares importam no momento de decidir em qual rede de ensino matricular os filhos?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20947/s102-3098a0066

Palavras-chave:

arranjos familiares, rede de ensino, logit, ordem de nascimento

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar se os arranjos familiares (monoparentais ou biparentais) afetam na escolha parental de qual rede de ensino (pública ou privada) matricular os filhos. Utilizando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, os resultados apontaram para dissemelhanças entre os arranjos familiares, as quais podem ser explicadas pelas diferenças nas preferências dos indivíduos, assim como na renda familiar. Verifica-se que existe maior probabilidade de as famílias investirem privadamente no ensino infantil. A evidência pode ser decorrente da oferta reduzida de creches públicas. Segundo a ordem de nascimento, para os arranjos familiares monoparental feminino e casal com filhos, as famílias preferem investir no filho mais velho, em detrimento dos demais filhos. Além disso, verificou-se que o filho do sexo masculino tem menores chances de estudar em uma rede privada caso esteja em um arranjo monoparental feminino. Esse resultado pode mostrar uma preferência da mãe em incentivar o estudo da filha em uma tentativa de empoderá-la.

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Biografia do Autor

Julia Sbroglio Rizzotto, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Mestranda no Programa de Pós Graduação em Economia do Desenvolvimento na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

Marco Tulio Aniceto França, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é professor adjunto no Programa de Pós Graduação em Economia do Desenvolvimento na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. PUCRS.

Gustavo Saraiva Frio, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Mestre em Economia Aplicada pelo Programa de Pós Graduação em Organizações e Mercados (PPGOM) pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e doutorando no raPrograma de Pós Graduação em Economia do Desenvolvimento na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

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Publicado

2018-06-11

Como Citar

Rizzotto, J. S., França, M. T. A., & Frio, G. S. (2018). Os arranjos familiares importam no momento de decidir em qual rede de ensino matricular os filhos?. Revista Brasileira De Estudos De População, 35(1), 1–27. https://doi.org/10.20947/s102-3098a0066

Edição

Seção

Artigos originais