Nupcialidade indígena: possibilidades e limitações de análise utilizando os dados do Censo Demográfico de 2010

Autores

  • Luciene Aparecida Ferreira de Barros Longo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rio de Janeiro-RJ, Brasil
  • Luciane Ouriques Ferreira Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro-RJ, Brasil
  • Marta Maria do Amaral Azevedo Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, Universidade Estadual de Campinas (Nepo/Unicamp), Campinas-SP, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-30982016a0035

Palavras-chave:

Nupcialidade, Indígenas. Raça/cor, Censo Demográfico. Brasil

Resumo

O presente artigo analisa os dados disponíveis na amostra do Censo Demográfico de 2010 a respeito da nupcialidade da população autodeclarada indígena. Se há uma significativa produção antropológica sobre organização social dos povos indígenas no Brasil, o que contempla aspectos referentes a casamentos, pouco se sabe, a partir de uma perspectiva demográfica, sobre a nupcialidade desse segmento da população e como se dão as uniões endogâmicas e exogâmicas considerando os grupos de raça/cor. Assim, tem-se como objetivo apresentar uma análise dos padrões de nupcialidade, utilizando as categorias pesquisadas do quesito raça/cor no Censo Demográfico de 2010, com foco na população indígena. Especificamente se realiza uma análise da idade média à união e ao casamento e das taxas de homogamia por raça/cor, inclusive separando os casais por grupos de idade da mulher, status marital, situação do domicílio e residentes em municípios com Terras Indígenas. Apesar das evidentes limitações dos dados, e com uso de métodos demográficos indiretos, os resultados revelam que, entre todas as categorias de raça/cor, a idade média à união dos indígenas é a menor e suas taxas padronizadas de endogamia por raça/cor são as mais altas.

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Biografia do Autor

Luciene Aparecida Ferreira de Barros Longo, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rio de Janeiro-RJ, Brasil

Luciene Aparecida Ferreira de Barros Longo é doutora em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG). Tecnologista em informações geográficas e estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Luciane Ouriques Ferreira, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro-RJ, Brasil

Luciane Ouriques Ferreira é doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina, bolsista de pós-doutorado do Programa Brasil Sem Miséria/Capes na Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz.

Marta Maria do Amaral Azevedo, Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, Universidade Estadual de Campinas (Nepo/Unicamp), Campinas-SP, Brasil

Marta Maria do Amaral Azevedo é doutora em Demografia pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). Professora do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Núcleo de Estudos de População, Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Nepo/Unicamp), pesquisadora do Nepo.

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Publicado

2016-11-19

Como Citar

Longo, L. A. F. de B., Ferreira, L. O., & Azevedo, M. M. do A. (2016). Nupcialidade indígena: possibilidades e limitações de análise utilizando os dados do Censo Demográfico de 2010. Revista Brasileira De Estudos De População, 33(2), 375–398. https://doi.org/10.20947/S0102-30982016a0035

Edição

Seção

Dossiê