Mobilidade populacional a partir dos dados do Cadastro Único
potencialidade e tempestividade para estudos demográficos
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0308Palavras-chave:
Tipologia, Mobilidade populacional, Cadastro Único para Programas Sociais, MigraçãoResumo
Um desafio para estudos sobre os movimentos populacionais consiste na indisponibilidade de dados com tempestividade e que agreguem representatividade populacional. O Censo Demográfico, embora seja referência, tem periodicidade ampla, sendo mais adequado para análises históricas do que estudos que resultem em inferências para políticas públicas com maior brevidade. Como alternativa, o uso de bases administrativas tem surgido para minimizar esses desafios, assim como a pesquisa tipo survey, apesar do seu custo. O objetivo deste artigo é apresentar o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal como fonte para estudos sobre os movimentos populacionais, especificamente da população de baixa renda, destacando a tempestividade, a diversidade de informações pessoais, familiares e domiciliares e a dimensão longitudinal que permitem observar as mudanças. Outro potencial da base é o recorte geográfico, quesito para estudos sobre imigração, migração interna e movimentos intraurbanos. Apresentam-se uma tipologia de movimentos populacionais a partir do CadÚnico e a metodologia elaborada no tratamento dos dados. Aplicados para a população inscrita em Minas Gerais, entre 2012 e 2022, os resultados preliminares mostram a predominância de migração de uma etapa e alterações na tendência do fluxo urbano-rural em alguns períodos deste intervalo, inversamente à tendência histórica. Essa abordagem oferece novas perspectivas para análises demográficas e políticas públicas.
Downloads
Referências
BARBIERI. A. F. Mobilidade populacional, meio ambiente e uso da terra em áreas de fronteira: uma abordagem multiescalar. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, v. 24. n. 2, p. 225-246, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-30982007000200004. Acesso em: 2 jun. 2025.
BARATA, R. B.; CARNEIRO JR., N.; RIBEIRO, M. C. S. A. R.; SILVEIRA, C. Desigualdade social em saúde na população em situação de rua na cidade de São Paulo. 2015. Saúde e Sociedade, v. 24, supl. 1, p. 219-232, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/QXWC9xT4V4HKhNsQ7DP4nSw/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 15 jun. 2025.
BARROS, L. F. W.; CAVENAGHI, S. M.; KAMPEL, S. A. Potencialidades e desafios na utilização de registros administrativos e imagens noturnas de satélite para a realização de estimativas populacionais municipais intercensitárias no Brasil. In: SEMINÁRIO DE METODOLOGIA DO IBGE – SMI. Anais [...]. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: https://eventos.ibge.gov.br/downloads/smi2017/apresentacoes/sessoes_tematicas/ST4_Luiz%20Felipe%20Walter%20Barros_SMI2017.pdf. Acesso em: 23 jun. 2025.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome. Dicionário de Variáveis CECAD. Brasília: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação – Sagi, s.d. Disponível em: https://cecad.cidadania.gov.br/Dicionario_de_Variaveis_CECAD.pdf. Acesso em: 23 maio 2025.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Norma Operacional Básica – NOB/SUAS. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome (MDS). Guia de cadastramento de pessoas em situação de rua. 3ª. edição. Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), 2011. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/cadastro_unico/_Guia_Cadastramento_de_Pessoas_em_Situacao_de_Rua.pdf. Acesso em: 02 jun. 2025.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). Manual do Entrevistador. Cadastro Único para Programas Sociais. 4. ed. Brasília: Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), 2017.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Informe Bolsa e Cadastro n. 896. Ação de Qualificação Cadastral de 2023. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/sala_de_imprensa/boletins/boletim_bolsa_familia/2023/marco/Boletim_MDS_Informa_896.html. Acesso em: 20 abr. 2025.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome. Cadastro Único do Governo Federal – Bases de dados identificadas 2012 a 2022. Brasília: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação – Sagi. Processo SEI n. 71000.015829/2024-31, 2024.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Vis Data 3 beta. Brasília: Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único – Sagicad, 2024. Disponível em: https://aplicacoes.cidadania.gov.br/vis/data3/data-explorer.php. Acesso em: 15 jun. 2025.
BRITO, F. A transição para um novo padrão migratório no Brasil. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2015. (Texto para Discussão n. 526). Disponível em: https://ideas.repec.org/p/cdp/texdis/td526.html. Acesso em: 19 abr. 2025.
BRITO, F.; GARCIA, R. A.; SOUZA, R. V. As tendências recentes das migrações interestaduais e o padrão migratório. In: XIV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS. Anais [...]. Caxambu: Abep, 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em: http://www.trinnityconsultoria.com.br/efacil/arquivos/pdf/arquivo_19.pdf. Acesso em: 20 maio 2025.
CARTWRIGHT, D. W.; ARMKNECHT, P. A. Statistical uses of administrative records. In: AMERICAN STATISTICAL ASSOCIATION. Proceedings, Section on Survey Research Methods, 1979. p. 73-76. Disponível em: https://www.asasrms.org/Proceedings/papers/1979_009.pdf. Acesso em: 2 abr. 2025.
CEBOLA, T.; BARBIERI, A. F.; ZAPATA, G. P. Migrações sul-sul: a recente onda de imigrantes zimbabweanos em Tete – Moçambique (2007-2016). Revista Brasileira de Estudos de População, v. 39, p. 1-26, 2022. Disponível: https://rebep.org.br/revista/article/view/1654/1165. Acesso em: 15 jun. 2025.
DEUS NETO, J. V. de; PEREIRA, B. A.; DEUS, T. R. V. de. O uso do Cadastro Único como ferramenta para o diagnóstico e planejamento na Assistência Social . Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v. 14, n. 53, p. 231-246, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.14295/idonline.v14i53.2711. Acesso em: 10 jun. 2025.
FERREIRA, A. C. Migrações internacionais em tempos de crise: um estudo sobre o processo de integração dos refugiados sírios na cidade de São Paulo (BRA). Tese (Doutorado em Demografia) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/42741. Acesso em: 20 maio 2025.
HABENSCHUS. M. I. A T. Programa Bolsa Família: migração, desempenho escolar e efeito de longo prazo na pobreza. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2020. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96131/tde-24022021-100501/publico/MariaIsabelATHabenschus_Corrigida.pdf. Acesso em: 12 maio 2025.
HERZOG, T. N.; SCHEUREN, F. J.; WINKLER, W. E. Data quality and record linkage techniques. New York: Springer Science Business Media, 2007.
JANNUZZI, P. M.; FALCÃO, T.; CASTRO, I; CAMPOS, A. (Org.). Brasil sem miséria: resultados, institucionalidades e desafios. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2016. (Cadernos de Estudos. Desenvolvimento Social em Debate, n. 25). Disponível em: https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/caderno%20-%2025.pdf. Acesso em: 10 jul. 2025.
MALAGUTH, T. Z. Migrações e fluxo escolar da coorte de estudantes de 2008 a 2019, em Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Demografia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas, Programa de Pós-Graduação em Demografia, Belo Horizonte, 2022. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/47288. Acesso em: 10 maio 2025.
NATALINO. M. Estimativa da população em situação de rua no Brasil (2012-2022). Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2022. (Nota Técnica, n. 103). Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/publicacao-item?id=faa83eb1-f7fb-44d9-ba91-341a7672611d. Acesso em: 8 jul. 2025.
OLIVEIRA, A. A. de. O Maranhão é aqui! Sociabilidades e identidades no Bairro Santa Luzia, Boa Vista-RR. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, São Leopoldo, 2017. Disponível em: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6646. Acesso em: 5 jun. 2025.
OLIVEIRA, G. de. O efeito das transferências de renda nos fluxos migratórios entre os municípios brasileiros de 2008 a 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde-05092016-154958/publico/CorrigidoGabrielLyrio.pdf. Acesso em: 18 maio 2025.
OLIVEIRA, K. F. de. Migração e desigualdade regional em Sergipe. Revista Paranaense de Desenvolvimento, n. 121, p.167-188, jul./dez., 2011. Disponível em: https://ipardes.emnuvens.com.br/revistaparanaense/article/view/427/693. Acesso em: 10 abr. 2025.
PARANÁ. Índice de Vulnerabilidade das Famílias (IVF-PR), 2012. Disponível em: https://www.desenvolvimentosocial.pr.gov.br/Pagina/Indice-de-Vulnerabilidade-das-Familias-IVF-PR. Acesso em: 5 jun. 2025.
RIGOTTI, J. I. R. Técnicas de mensuração das migrações, a partir de dados censitários: aplicação aos casos de Minas Gerais e São Paulo. Tese (Doutorado em Economia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas, Programa de Pós-Graduação em Demografia, Belo Horizonte, 1999. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MCCR-7RQNTT/1/tese.pdf. Acesso em: 12 jun. 2025.
RUSCHEL, L. F. F. Origens e trajetórias das instituições voltadas para migração: um estudo de municípios gaúchos. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, São Leopoldo-RS, 2022. Disponível em: https://repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12096. Acesso em: 10 abr. 2025.
SOUZA, E. L.; SUGAI, M. I. Minha Casa Minha Vida: periferização, segregação e mobilidade intraurbana na área conurbada de Florianópolis. Cadernos Metrópole, v. 20, n. 41, p. 75-98. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2236-9996.2018-4104. Acesso em: 05 mar. 2025.
SPOSATI, A. O. Cadastro Único: identidade, teste de meios, direito de cidadania. Revista Serviço Social e Sociedade, n. 141, p. 183-204, maio/ago. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0101-6628.245. Acesso em: 10 jul. 2025.
TABNET DATASUS. População residente – Estudo de estimativas populacionais por município, idade e sexo 2000-2024 – Brasil. DATASUS. Brasília, s.d. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/popsvs2024br.def. Acesso em: 19 maio 2025.
UNITED NATIONS. Principles and recommendations for population and housing censuses. 2015. Disponível em:
https://unstats.un.org/unsd/publication/seriesM/seriesm_67Rev2e.pdf. Acesso em: 12 maio 2025.
UNITED NATIONS. Principles and recommendations for population and housing censuses. 2017. Revision 3. Disponível em:
https://unstats.un.org/unsd/demographic-social/Standards-and-Methods/files/Principles_and_Recommendations/Population-and-Housing-Censuses/Series_M67rev3-E.pdf. Acesso em: 18 jun. 2025.
ZAPATA, G. P.; JORGENSEN, N.; GUEDES, G. R.; OLIVEIRA, A. C.; BARBIERI, A. F. “Estou desistindo do Brasil”: mudanças nas aspirações e capacidades migratórias diante de crises simultâneas. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 41, 2024. Disponível: https://rebep.org.br/revista/article/view/2450. Acesso em: 17 jul. 2025.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Estudos de População

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos publicados na Rebep são originais e protegidos sob a licença Creative Commons do tipo atribuição (CC-BY). Essa licença permite reutilizar as publicações na íntegra ou parcialmente para qualquer propósito, de forma gratuita, mesmo para fins comerciais. Qualquer pessoa ou instituição pode copiar, distribuir ou reutilizar o conteúdo, desde que o autor e a fonte original sejam propriamente mencionados.