Decomposição das projeções oficiais de população no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0263

Palavras-chave:

Projeção de população, Método de componentes por coortes, Decomposição demográfica

Resumo

A população brasileira está em constante mudança ao longo do tempo. Contudo, os efeitos de cada componente demográfica nas projeções populacionais oficiais ainda não são claros. Nesta pesquisa, replicamos asProjeções de População Revisão 2018do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística usando um modelo matricial de projeção e o método das componentes por coortes por sexo, idade e região geográfica. Em seguida, estabelecemos quatro cenários alternativos para decompor o cenário benchmark oficial entre quatro efeitos demográficos (fecundidade, estrutura etária, mortalidade e migração) e um efeito residual. Os resultados mostram que a fecundidade e a estrutura etária têm sido os principais impulsores da dinâmica populacional entre 2010 e 2060. De um lado, o efeito negativo da fecundidade abaixo do nível de reposição tem sido compensado em maior parte pelo efeito ainda positivo da estrutura etária, mesmo por regiões do país. De outro lado, o efeito da estrutura etária está diminuindo com o tempo. Em 2048, os efeitos da estrutura etária, mortalidade e migração não serão mais suficientes para contrabalançar os efeitos da fecundidade, resultando em declínio populacional.

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Biografia do Autor

Charles Correa, Central Bank of Brazil, Brasília, Brazil

Charles Correa is currently a Ph.D. student of Economics at the Catholic University of Brasília. Deputy advisor at the Department of Statistics of the Central Bank of Brazil.

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Publicado

2024-09-27

Como Citar

Correa, C. (2024). Decomposição das projeções oficiais de população no Brasil. Revista Brasileira De Estudos De População, 41, 1–16. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0263

Edição

Seção

Artigos originais