Uniões conjugais consensuais entre mulheres com educação de alto nível: entendendo a heterogeneidade do contexto brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0221Palavras-chave:
Uniões consensuais, Casamento, Educação, Segunda transição demográfica, BrasilResumo
As uniões consensuais têm crescido muito no Brasil nas últimas décadas. Este aumento tem sido observado em todos os grupos educacionais, o que pode sugerir sinais da difusão da segunda transição demográfica (SDT) no país. Neste artigo, são examinadas as características das mulheres em uniões consensuais no Brasil, entre 1980 e 2010, com foco nos diferenciais segundo escolaridade. Os resultados mostram que as mulheres com maior nível de escolaridade preferem o casamento formal (e não a união consensual) tanto em 1980 quanto em 2010. Além disso, observou-se uma diferença crescente entre os grupos de escolaridade ao longo do tempo, ou seja, a chance de as mulheres mais escolarizadas escolherem a união consensual cresceu menos do que entre as menos escolarizadas. Para as mulheres com maior escolaridade em 2010, a chance de estar em união consensual é maior entre aquelas de grupos socioeconômicos mais baixos e entre pretas, pardas e católicas. Os resultados questionam as explicações dadas pela STD para a expansão das uniões consensuais entre grupos socioeconômicos com maior escolaridade no Brasil.
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