Planejamento urbano e adaptação climática: entre possibilidades e desafios em duas grandes cidades brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0165Palavras-chave:
Mudanças climáticas, Capacidade adaptativa, Governos locais, Sustentabilidade urbana, BrasilResumo
O objetivo deste artigo é investigar como as cidades de Natal e Curitiba têm incorporado a questão climática, com enfoque especial para a adaptação, em suas agendas urbanas, compreendendo como o planejamento urbano pode contribuir para a inserção da capacidade adaptativa climática local. Para isso, a metodologia apresenta uma abordagem de natureza qualitativa, utilizando as pesquisas bibliográfica, documental e de campo, com aplicação de entrevistas semiestruturadas, para o alcance dos resultados. Os dados coletados são analisados por meio da análise de conteúdo. A partir dos resultados obtidos, conclui-se que a incorporação da questão climática, sobretudo da adaptação, no planejamento e na gestão de Natal e de Curitiba ainda se apresenta como um grande e complexo desafio.
Downloads
Referências
APOLLARO, C.; ALVIM, A. Estratégias e desafios do planejamento urbano para a adaptação de cidades frente à mudança climática. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 13, n. 6, p. 29-49, 2017.
AYLETT, A. Progress and challenges in the urban governance of climate change: results of a global survey. Cambridge: MIT, 2014.
BAI, X. et al. Six research priorities for cities and climate change. Nature Climate Change, v. 555, p. 23-25, 2018.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BARROS, B. C. O planejamento urbano e territorial e a adaptação às mudanças climáticas: o caso das cidades de Nova York, Cidade do México, Bogotá e Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado) − Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
BROTO, V. C. Urban governance and the politics of climate change. World Development, v. 93, p. 1-15, 2017.
C40 CITIES – Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima. The power of C40 cities. [s.d.]. Disponível em: https://www.c40.org/cities Acesso em: 5 dez. 2020.
CAMPOS, C. J. G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 57, n. 5, p. 611-614, 2004.
CAMPOS, P. P. S.; PHILIPPI JR., A.; SANTANA, P. Gestão integrada de políticas climáticas e urbanas: uma proposta de avaliação legislativa em municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Sustentabilidade em Debate, v. 6, n. 1, p. 119-137, 2015.
CARVALHO, S. A. D.; FURTADO, A. T. Os desafios da adaptação às mudanças climáticas globais. ClimaCom Cultura Científica: Pesquisa, Jornalismo e Arte, ano, 2, 2015.
CHU, E.; ANGUELOVSKI, I.; ROBERTS, D. Climate adaptation as strategic urbanism: assessing opportunities and uncertainties for equity and inclusive development in cities. Cities, v. 60, p. 378-387, 2017.
CURITIBA. Lei n. 14.771, de 17 de dezembro de 2015. Dispõe sobre a revisão do plano diretor de Curitiba de acordo com o disposto no art. 40, § 3º, do estatuto da cidade, para orientação e controle do desenvolvimento integrado do município. Diário Oficial do Município de Curitiba, 2015. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/lei-ordinaria/2015/1477/14771/lei-ordinaria-n-14771-2015-dispoe-sobre-a-revisao-do-plano-diretor-de-curitiba-de-acordo-com-o-disposto-no-art-40-3-do-estatuto-da-cidade-para-orientacao-e-controle-do-desenvolvimento-integrado-do-municipio. Acesso em: 5 nov. 2018.
CURITIBA. Decreto n. 572, de 2019. Atualiza a composição do Fórum Curitiba sobre Mudanças do Clima e designa os membros titulares e suplentes. Diário Oficial do Município de Curitiba, 2019. Disponível em: https://mid.curitiba.pr.gov.br/2020/00299439.pdf. Acesso em: 8 dez. 2018.
CURITIBA. Plano de Ação Climática de Curitiba começa a ser implementado em 2021. Prefeitura Municipal de Curitiba, 15 dez. 2020. Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/plano-de-acao-climatica-de-curitiba-comeca-a-ser-implementado-em-2021/57425 Acesso em 10 maio 2021.
CURITIBA. Curitiba reúne ações para conter aumento da temperatura. Prefeitura Municipal de Curitiba, 17 mar. 2021. Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/curitiba-reune-acoes-para-conter-aumento-da-temperatura/58315 Acesso em: 10 maio 2021.
DARELA FILHO, J. P. et al. Socio-climatic hotspots in Brazil: how do changes driven by the new set of IPCC climatic projections affect their relevance for policy? Climatic Change, v. 136, n. 3-4, p. 413-425, 2016.
DESLAURIERS, J.; KÉRISIT, M. O delineamento de pesquisa qualitativa. In: POUPART, J. et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 127-53.
DI GIULIO, G. M. et al. Mudanças climáticas, riscos e adaptação na megacidade de São Paulo, Brasil. Sustentabilidade em Debate, v. 8, n. 2, p. 75-87, 2017.
DI GIULIO, G. M. et al. Extreme events, climate change and adaptation in the state of São Paulo. Ambiente & Sociedade, v. 22, p. 1-20, 2019.
EAKIN, H. C.; LEMOS, M. C.; NELSON, D. R. Differentiating capacities as a means to sustainable climate change adaptation. Global Environmental Change, v. 27, p. 1-8, 2014.
ENGLE, N. L.; LEMOS, M. C. Unpacking governance: building adaptive capacity to climate change of river basins in Brazil. Global Environmental Change, v. 20, n. 1, p. 4-13, 2010.
ESPÍNDOLA, I. B.; RIBEIRO, W. C. Cities and climate change: challenges to Brazilian municipal Master Plans. Cadernos Metrópole, v. 22, n. 48, p. 365-396, 2020.
FANKHAUSER, S.; MCDERMOTT, T. K. Understanding the adaptation deficit: why are poor countries more vulnerable to climate events than rich countries? Global Environmental Change, v. 27, p. 9-18, 2014.
GENELETTI, D.; ZARDO, L. Ecosystem-based adaptation in cities: an analysis of European urban climate adaptation plans. Land Use Policy, v. 50, p. 38-47, 2016.
GIDDENS, A. A política da mudança climática. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
GREIVING, S.; FLEISCHHAUER, M. National climate change adaptation strategies of European states from a spatial planning and development perspective. European Planning Studies, v. 20, n. 1, p. 27-48, 2012.
GUIMARÃES, N. A.; MARTIN, S. Competitividade e desenvolvimento: atores e instituições locais. São Paulo: Editora Senac, 2001.
HUITEMA, D.; BOASSON, E. L.; BEUNEN, R. Entrepreneurship in climate governance at the local and regional levels: concepts, methods, patterns, and effects. Regional Environmental Change, v. 18, p. 1247-1257, 2018.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/curitiba/panorama Acesso em: 20 nov. 2020.
ICLEI – Local Governments for Sustainability. Conheça os governos que fazem parte da Rede na América do Sul. [s.d.]. Disponível em: http://sams.iclei.org/rede/associados-na-america-do-sul.html Acesso em: 7 nov. 2018.
ICLEI – Local Governments for Sustainability; CEPS – Centre for European Policy Studies. Climate change adaptation: empowerment of local and regional authorities, with a focus on their involvement in monitoring and policy design. 2013. Disponível em: https://cor.europa.eu/en/documentation/studies/Documents/climate-change-adaptation.pdf Acesso em: 18 out. 2018.
ICLEI-BRASIL; PREFEITURA DE CURITIBA. Curitiba – ações estratégicas: clima e resiliência. Curitiba, 2016. Disponível em: http://multimidia.curitiba.pr.gov.br/2016/00182811.pdf Acesso em: 8 jan. 2019.
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Summary for Policymakers. In: METZ, B.; DAVIDSON, O. R.; BOSCH, P. R.; DAVE, R.; MEYER, L. A. (ed.). Climate change 2007: mitigation. Contribution of Working Group III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, UK and New York, NY: Cambridge University Press, 2007. Disponível em: https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/03/ar4_wg3_full_report-1.pdf Acesso em: 5 nov. 2020.
IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Avaliação de vulnerabilidade ambiental e socioeconômica para o Município de Curitiba. São Paulo: ANTP, 2014. Disponível em: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/vulnerabilidade-ambiental-e-socioeconomica/2139 Acesso em: 5 nov. 2018.
KASPERSON, J. X. et al. Vulnerability to global environmental change. In: KASPERSON, J. X.; KASPERSON, R. E. The social contours of risk. Volume II: risk analysis, corporations and the globalization of risk. London: Earthscan, 2012. p. 245-285.
KIRCHHOFF, C. J. Understanding and enhancing climate information use in water management. Climatic Change, v. 119, n. 2, p. 495-509, 2013.
KOK, M. T. J.; DE CONINCK, H. C. Widening the scope of policies to address climate change: directions for mainstreaming. Environmental Science & Policy, v. 10, n. 7-8, p. 587-599, 2007.
LECK, H.; ROBERTS, D. What lies beneath: understanding the invisible aspects of municipal climate change governance. Current Opinion in Environmental Sustainability, v. 13, p. 61-67, 2015.
MAUAD, A. C. E. Are we there yet? Cities and the IPCC responding to climate change. Mundorama – Revista de Divulgação Científica em Relações Internacionais, 2018. Disponível em: file:///C:/Users/NOTE/Downloads/ArewethereyetCitiesandtheIPCCrespondingtoclimatechangebyAnaCarolinaMauad.pdf. Acesso em: 29 abr. 2021.
MCCLURE, L.; BAKER, D. How do planners deal with barriers to climate change adaptation? A case study in Queensland, Australia. Landscape and Urban Planning, v. 173, p. 81-88, 2018.
MEDEIROS, C. N. de; SOUZA, M. J. N. de. Metodologia para mapeamento da vulnerabilidade socioambiental: caso do município de Caucaia, Estado do Ceará. Revista Eletrônica do PRODEMA, Fortaleza, v. 10, n. 1, p. 54-73, 2016.
MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
MOZZATO, A. R.; GRZYBOVSKI, D. Análise de conteúdo como técnica de análise de dados qualitativos no campo da administração: potencial e desafios. Revista de Administração Contemporânea, v. 15, n. 4, p. 731-747, 2011.
NATAL. Decreto n. 8.841, de 18 de agosto de 2009. Cria o Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e Ecoeconomia Sustentável. Diário Oficial do Município de Natal, 2009. Disponível em: https://www.natal.rn.gov.br/_anexos/publicacao/legislacao/decreto_8841.pdf. Acesso em: 14 jan. 2019.
NATAL. Decreto n. 11.254, de 25 de maio de 2017. Constitui Comissão Executiva de Coordenação Política do Plano de Mobilidade Urbana de Natal/RN. Diário Oficial do Município de Natal, 2017. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/rn/n/natal/decreto/2017/1125/11254/decreto-n-11254-2017-constitui-comissao-executiva-de-coordenacao-politica-do-plano-de-mobilidade-urbana-de-natal-rn. Acesso em: 10 dez. 2018.
PARKER, S. et al. State of trust: how to build better relationships between councils and the public. London: Demos, 2008.
PARMESAN, C.; YOHE, G. A globally coherent fingerprint of climate change impacts across natural systems. Nature, v. 421, n. 6918, p. 37-42, 2003.
PELLING, M.; HIGH, C. Understanding adaptation: what can social capital offer assessments of adaptive capacity? Global Environmental Change, v. 15, n. 4, p. 308-319, 2005.
POSEY, J. The determinants of vulnerability and adaptive capacity at the municipal level: evidence from floodplain management programs in the United States. Global Environmental Change, v. 19, n. 4, p. 482-493, 2009.
RIBEIRO, M. et al. Design of guidelines for the elaboration of regional climate change adaptations strategies. Study for European Commission – DG Environment. Vienna: Ecologic Institute, 2009.
ROSENZWEIG, C.; SOLECKI, W. Introduction to climate change adaptation in New York City: building a risk management response. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1196, p. 13-18, 2010.
RUNHAAR, H. et al. Mainstreaming climate adaptation: taking stock about “what works” from empirical research worldwide. Regional Environmental Change, v. 18, n. 4, p. 1201-1210, 2018.
RYAN, D. From commitment to action: a literature review on climate policy implementation at city level. Climatic Change, v. 131, n. 4, p. 519-529, 2015.
SATHLER, D.; PAIVA, J. C.; BAPTISTA, S. Cidades e mudanças climáticas: planejamento urbano e governança ambiental nas sedes das principais regiões metropolitanas e regiões integradas de desenvolvimento. Caderno de Geografia, v. 29, n. 56, p. 262-262, 2019.
SMIT, B.; PILIFOSOVA, O. From adaptation to adaptive capacity and vulnerability reduction. In: SMITH, J. B.; KLEIN, R. J. T.; HUQ, S. Climate change, adaptive capacity and development. Londres: Imperial College Press, 2003. p. 9-28.
TEIXEIRA, R. L. P.; PESSOA, Z. S.; DI GIULIO, G. M. Mudanças climáticas e capacidade adaptativa no contexto da cidade do Natal/RN, Brasil. Revista Geotemas, v. 10, n. 1, p. 95-115, 2020a.
TEIXEIRA, R. L. P.; PESSOA, Z. S.; DI GIULIO, G. M. Cidades, mudanças climáticas e adaptação: um estudo de caso de Natal/RN, Brasil. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 54, p. 468-483, 2020b.
UITTENBROEK, C. J. et al. Political commitment in organising municipal responses to climate adaptation: the dedicated approach versus the mainstreaming approach. Environmental Politics, v. 23, n. 6, p. 1043-1063, 2014.
UNDESA – United Nations Department of Economic and Social Affairs/Population Division. World urbanization prospects 2019. Nova York: United Nations, 2019. Disponível em: https://population.un.org/wpp/ Acesso em: 20 de jun. de 2020.
UN-HABITAT – United Nations Human Settlements Programme. Planning for climate change: a strategic, value-based approach for urban planners. Nairobi: United Nations, 2014.
WAMSLER, C.; BRINK, E.; RIVERA, C. Planning for climate change in urban areas: from theory to practice. Journal of Cleaner Production, v. 50, p. 68-81, 2013.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. de Daniel Grassi. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Brasileira de Estudos de População

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos publicados na Rebep são originais e protegidos sob a licença Creative Commons do tipo atribuição (CC-BY). Essa licença permite reutilizar as publicações na íntegra ou parcialmente para qualquer propósito, de forma gratuita, mesmo para fins comerciais. Qualquer pessoa ou instituição pode copiar, distribuir ou reutilizar o conteúdo, desde que o autor e a fonte original sejam propriamente mencionados.