Como a redução de algumas doenças cardiovasculares pode afetar a expectativa de vida da população brasileira?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0174

Palavras-chave:

Hipertensão, Doença cardiovascular, Isquemia, Expectativa de vida, Tábuas de vida, Mortalidade, Prevenção, Brasil

Resumo

O presente estudo objetiva analisar o impacto das doenças cardiovasculares (DCV) na expectativa de vida (EV) da população brasileira e identificar como a EV seria afetada pela redução hipotética de 5% a 30% e pela eliminação da mortalidade por essas doenças. Trata-se de um estudo de simulação que utiliza dados transversais a nível nacional. A análise foi realizada por meio do modelo de tábuas de vida de múltiplo decremento, considerando reduções na mortalidade por DCV de 5% a 30%, assim como a sua eliminação. Os ganhos potenciais estimados na EV, em anos e porcentagem, por meio da eliminação das doenças isquêmica, hipertensiva e cerebrovascular foram de, respectivamente, para homens e mulheres, 1,44 (2%) e 1,31 (1,7%), 0,51 (0,7%) e 0,75 (1%), 1,28 (1,8%) e 1,62 (2,1%). Os maiores ganhos ocorrem entre os residentes na região Nordeste. Além disso, para a população em geral, os ganhos estimados em EV a partir de uma redução de 5% na mortalidade por DCV, em homens e mulheres, foram de 0,07 (0,1%) e 0,06 (0,08%), para doença isquêmica, 0,02 (0,03%) e 0,04 (0,05%), para doença hipertensiva, e 0,06 (0,08%) e 0,07 (0,09%), para doença cerebrovascular. Já uma redução hipotética de 30% na mortalidade por DCV foi acompanhada de ganhos na EV, para homens e mulheres, de 0,41 (0,6%) e 0,37 (0,5%), para doença isquêmica, 0,15 (0,2%) e 0,22 (0,3%), para doença hipertensiva, e 0,36 (0,5%) e 0,45 (0,6%), para doença cerebrovascular. Assim, mais investimentos e esforços orientados para a prevenção de DCV aumentariam a EV no Brasil, principalmente nas regiões menos desenvolvidas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raphael H. O. Araujo, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina-PR, Brazil

Raphael H. O. Araujo is Ph.D. student in Health Sciences at Universidade Estadual de Londrina (UEL).

André R. Barboni, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Feira de Santana-BA, Brazil

André R. Barboni has Ph.D. in Public Health from Universidade de São Paulo (USP). Professor at the Universidade Estadual de Feira de Santana.

Danilo R. P. Silva, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão-SE, Brazil

Danilo R. P. Silva has Ph.D. in Physical Education from Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor at the Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Thayse N. Q. Gomes, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão-SE, Brazil

Thayse N. Q. Gomes has Ph.D. in Sport Science from Faculdade de Desporto, Universidade do Porto. Professor at the Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Ricardo A. C. Sampaio, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão-SE, Brazil

Ricardo A. C. Sampaio has Ph.D. from Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor at Universidade Federal de Sergipe (UFS)

J. Jaime Miranda, Universidad Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

J. Jaime Miranda has an M.D. from Universidad Peruana Cayetano Heredia, Peru, and a Ph.D. in Epidemiology from the London School of Hygiene and Tropical Medicine. Professor at Universidad Peruana Cayetano Heredia, London School of Hygiene and Tropical Medicine, and The George Institute for Global Health.

Roberto J. S. Silva, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão-SE, Brazil

Roberto J. S. Silva has Ph.D. in Health Sciences from Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professor at the Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Referências

AREM, H. et al. Leisure time physical activity and mortality. JAMA Internal Medicine, v. 175, n. 6, p. 959-967, 2015.

AUBERT, S. et al. Global matrix 3.0 physical activity report card grades for children and youth: results and analysis from 49 countries. Journal of Physical Activity and Health, v. 15, n. S2, p. S251-S273, 2018.

BARBONI, A. R. O impacto de algumas causas básicas de morte na esperança de vida de residentes em Salvador e São Paulo − 1996. Tesis (Ph.D) − Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2002.

BARBONI, A. R. Guerra civil? O que uma análise sobre 40 anos de dados de saúde dos brasileiros revela. Bahia Análise & Dados, v. 30, n. 2, p. 105-123, 2021.

BARBONI, A. R.; GOTLIEB, S. L. D. Impacto de causas básicas de morte na esperança de vida em Salvador e São Paulo, 1996. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 1, p. 16-23, 2004.

BENSENOR, I. M. et al. Prevalence of stroke and associated disability in Brazil: National Health Survey − 2013. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 73, n. 9, p. 746-750, 2015.

BERNABE-ORTIZ, A. et al. Effect of salt substitution on community-wide blood pressure and hypertension incidence. Nature Medicine, v. 26, n. 3, p. 374-378, 2020.

BÖHM, A. W. et al. Social support and leisure-time physical activity among the elderly: a population-based study. Journal of Physical Activity and Health, v. 13, n. 6, p. 599-605, 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). [Undated.]. Available at: http://datasus.saude.gov.br. Accessed on: 1 Oct. 2019.

CHIANG, C. L. Introduction to stochastic processes in biostatistics. New York: John Wiley, 1968.

GOTLIEB, S. L. D. Mortalidade diferencial por causas, São Paulo, Brasil, 1970: tábuas de vida de múltiplo decremento. Revista de Saúde Pública, v. 15, n. 4, p. 401-417, 1981.

GOULART, A. C. et al. Low education as a predictor of poor one-year stroke survival in the EMMA Study (Study of Stroke Mortality and Morbidity in Adults), Brazil. International Journal of Stroke, v. 7, p. E4, 2012.

GUIMARÃES, R. M. et al. Diferenças regionais na transição da mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil, 1980 a 2012. Revista Panamericana Salud Publica, v. 37, n. 2, p. 83-89, 2019.

IBGE − Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades e Estados. [Undated]. Available at: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados.html. Accessed on: 31 Oct. 2019.

IBGE − Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tábuas abreviadas de mortalidade por sexo e idade: Brasil, grandes regiões e unidades da federação, 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

JORGE, M. H. P.; LAURENTI, R.; GOTLIEB, S. L. D. Análise da qualidade das estatísticas vitais brasileiras: a experiência de implantação do SIM e do Sinasc. Ciência e Saúde Coletiva, v. 12, n. 3, p. 643-654, 2007.

LEITE, I. C. et al. Carga de doença no Brasil e suas regiões, 2008. Cadernos de Saúde Pública, v. 31, n. 7, p. 1551-1564, 2015.

LIMA, E. E. C.; QUEIROZ, B. L. Evolution of the deaths registry system in Brazil: associations with changes in the mortality profile, under-registration of death counts, and ill-defined causes of death. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, n. 8, p. 1721-1730, 2014.

MACINKO, J.; LEVENTHAL, D. G. P.; LIMA-COSTA, M. F. Primary care and the hypertension care continuum in Brazil. Journal of Ambulatory Care Management, v. 41, n. 1, p. 34-46, 2018.

MARKLUND, M. et al. Estimated population wide benefits and risks in China of lowering sodium through potassium enriched salt substitution: modelling study. BMJ, n. 369, m824, 2020.

MIELKE, G. I. et al. Prática de atividade física e hábito de assistir à televisão entre adultos no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 24, n. 2, p. 277-286, 2015.

MIRANDA, J. J. et al. Understanding the rise of cardiometabolic diseases in low-and middle-income countries. Nature Medicine, v. 25, n. 11, p. 1667-1679, 2019.

NODA, H. et al. Walking and sports participation and mortality from coronary heart disease and stroke. Journal of the American College of Cardiology, v. 46, n. 9, p. 1761-1767, 2005.

QUEIROZ, B. L.; FREIRE, F. H. M. A.; GONZAGA, M. R.; LIMA, E. E. C. de. Estimativas do grau de cobertura e da mortalidade adulta (45q15) para as unidades da federação no Brasil entre 1980 e 2010. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 20, supl. 1, p. 21-33, 2017.

ROSE, G. Sick individuals and sick populations. International Journal of Epidemiology, v. 14, n. 1, p. 32-38, 1985.

SANTOS, A. E. et al. Health risk behavior excels in high socioeconomic class among adolescents. International Journal of Development Research, v. 9, n. 1, p. 25305-25309, 2019.

SARKAR, A. S. R.; ISLAM, N. A multiple decrement analysis for studying the patterns of mortality in Bangladesh. International Journal of Scientific Reports, v. 4, n. 6, p. 158-165, 2018.

SCHMIDT, M. I. et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. The Lancet, v. 377, n. 9781, p. 1949-1961, 2011.

SILVA, M. G. C. Potential gains in life expectancy with the exclusion of the deaths by cancer in Fortaleza, 1993-95. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 47, n. 4, p. 413-424, 2001.

SIVIERO, P. C. L.; SOUZA, L. G.; MACHADO, C. J. Diferenciais de mortalidade por sexo no município de São Paulo em 2005 e 2016: contribuição dos grupos etários e das principais causas de óbito. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 36, p. 1-23, 2019.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atlas: corações do Brasil. São Paulo: SBC, v. 1, 2005.

SOUZA, L. G.; SIVIERO, P. C. L. Diferenciais por sexo na mortalidade evitável e ganhos potenciais de esperança de vida em São Paulo, SP: um estudo transversal entre 2014 e 2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, n. 3, 2020.

WAISELFSZ, J. J. Mapa da violência 2016. Flacso Brasil, 2016.

WANG, Y. C. et al. Health and economic burden of the projected obesity trends in the USA and the UK. The Lancet, v. 378, n. 9793, p. 815-825, 2011.

WERNECK, A. O. et al. Regional socioeconomic inequalities in physical activity and sedentary behavior among Brazilian adolescents. Journal of Physical Activity and Health, v. 15, n. 5, p. 338-344, 2018.

WHO − World Health Organization. Deaths from NCDs. 2016. Available at: https://www.who.int/gho/ncd/mortality_morbidity/ncd_total/en/ Accessed on: 12 Nov. 2019.

WHO − World Health Organization. Global action plan for the prevention and control of noncommunicable diseases 2013–2020. Geneva: World Health Organization, 2013.

WHO − World Health Organization. Global recommendations on physical activity for health. Geneva: World Health Organization, 2010.

Downloads

Publicado

2021-10-08

Como Citar

H. O. Araujo, R., R. Barboni, A., R. P. Silva, D., N. Q. Gomes, T., A. C. Sampaio, R., Miranda, J. J., & J. S. Silva, R. (2021). Como a redução de algumas doenças cardiovasculares pode afetar a expectativa de vida da população brasileira?. Revista Brasileira De Estudos De População, 38, 1–14. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0174

Edição

Seção

Artigos originais