Baixada Fluminense como vazio demográfico? População e território no antigo município de Iguaçu (1890/1910)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0024

Palavras-chave:

Baixada Fluminense, População, Ocupação, História

Resumo

O município de Iguaçu ocupava o que atualmente é denominado de Baixada Fluminense, englobando o que hoje são os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti, com um território que representava 35% da atual região metropolitana do Rio de Janeiro. A noção de Baixada Fluminense unifica o que as emancipações fragmentaram, já que a região no final do século XIX era um município com atividades rurais e, ao longo do século XX, transformou-se em periferia urbana. Chama a atenção a afirmação recorrente dos pesquisadores que estudam a região acerca da existência de um vazio demográfico que teria ocorrido no final do século XIX (1890/1910). O objetivo deste texto é apresentar os principais argumentos utilizados na construção da imagem de vazio demográfico e, com base nos dados obtidos nos censos, oferecer alguns elementos que questionam essa leitura na forma como é enunciada, pois a principal tese é a de que a região da Baixada (como
um todo) ficou despovoada e, com as terras vazias, foi ocupada desordenadamente por uma população urbana fugindo dos altos preços da capital federal. Esta leitura recorrente obscurece outras dinâmicas existentes no território, além da própria história da região.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lúcia Helena Pereira da Silva, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Docente Permanente do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Territorial e Politicas Públicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGDT/UFRRJ), professora do curso de História da UFRRJ/campus Nova Iguaçu. Doutora em História Social (PUC-SP) com Pós doutoramento em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ)

Referências

ALMANAK ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL da corte e província do Rio de Janeiro para o ano de 1880. Rio de Janeiro: Typ. Eduardo e Henrique Laemmert, 1880. Disponível em: http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/almanak/al1880/00000002.html. Acesso em: 21 mar. 2017.

ALMANAK LAEMMERT 69º ano. Rio de Janeiro: Typ. do Almanak Laemmert, 1913. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=313394&pasta=ano%20191&pesq=. Acesso em: 21 mar. 2017.

BRAZIL. Recenseamento do Brazil em 1872. Rio de Janeiro: Typ.G. Leuzinger, v. 10, 1874. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv25477_v10_rj.pdf. Acesso em: 21 mar. 2017.

_________. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Synopse do recenseamento de 1890. Rio de Janeiro: Officina da Estatística, 1898. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/4/browse?value=Censo+demogr%C3%A1fic o+Brasil%2C+(1890).&type=subject. Acesso em: 19 jun. 2015.

_________. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Synopse do recenseamento de 1900. Rio de Janeiro: Officina da Estatística, 1905. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/4/browse?type=subject&value=Censo+dem ogr%C3%A1fico%2C+Brasil%2C+1900. Acesso em: 19 jun. 2015

_________. Ministério da Agricultura, Indústria e Commercio. Directoria Geral de Estatística. Anuário Estatístico do Brazil, vol. I, população. Rio de Janeiro: Typ de Estatística, 1916.

_________. Ministério da Agricultura, Indústria e Commercio. Directoria Geral de Estatística Recenseamento do Brazil de 1920. Rio de Janeiro: Typ.da Estatística, 1926.

BRAZ, A. A.; ALMEIDA, T. A. De Merity a Duque de Caxias: encontro com a história da cidade. Duque de Caxias: Ed. APPH-CLIO, 2010.

BARCELAR, C. A. P.; SCOTT, A. S. V.; BASSANEZI, M. S. C. B. Quarenta anos de demografia histórica. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 22, n. 2, 2005.

FORTE, J. M. M. Memórias da fundação de Iguassu. Rio de Janeiro: Typ do Jornal do Comercio, 1933.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 1940. Rio de Janeiro: IBGE, 1951.

MACHADO, R. Foucault: ciência e saber. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 2006.

MADEIRA, F.; TORRES, H. G. População e reestruturação produtiva: novos elementos para projeções demográficas. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 10, n. 2, 1996.

MEMÓRIAS públicas e econômicas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para o uso do Vice-rei Luiz de Vasconcellos por observação curiosa dos anos de 1779 até 1789. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 47, 1884.

MAPPA da população da corte e da província do Rio de Janeiro em 1821. Revista do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 33, 1870.

MARQUES, A. dos S. Baixada Fluminense: da conceituação as problemáticas sociais contemporâneas. Revista Pilares da História, Duque de Caxias, v. 4, n. 6, 2006.

OCTAVIO, R. Coração aberto: livro de saudade. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1934.

OLIVEIRA JUNIOR, D. L. de. Legislação sobre municípios, comarcas e distritos. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Comercio, 1926.

PIZARRO E ARAÚJO, J. de S. A. Memória histórica do Rio de Janeiro e das províncias anexas a jurisdição do vice-rei do Estado do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Régia, 9 v., 1820/22.

RIO DE JANEIRO. Relatório do presidente da província do Rio de Janeiro, o conselheiro Paulino José Soares de Souza na abertura da 1a. sessão da 3a. legislatura da Assembleia Provincial, acompanhado do orçamento da receita e despesa para o ano de 1840 a 1841. 2. ed. Niterói: Tipografia de Amaral e Irmão, 1851.

SILVA, L. Freguesia de Santo Antônio da Jacutinga: um capítulo da história da ocupação da baixada fluminense. Revista UNIABEU, Nilópolis, v. 9, n. 21, 2016.

_________. De Recôncavo da Guanabara a Baixada Fluminense: leitura de um território pela história. Recôncavo: Revista de História da UNIABEU, Nilópolis, v. 3, n. 5, 2013.

SIMOES, M. R. A cidade estilhaçada: reestruturação econômica e emancipações municipais na baixada fluminense. Mesquita: Ed. Entorno, 2007.

_________. Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense. Mesquita: Ed. Entorno, 2011.

SOARES, M. T. de S. Nova Iguaçu: absorção de uma célula urbana pelo Grande Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 2, n. 24, 1962.

Downloads

Publicado

2017-09-13

Como Citar

Silva, L. H. P. da. (2017). Baixada Fluminense como vazio demográfico? População e território no antigo município de Iguaçu (1890/1910). Revista Brasileira De Estudos De População, 34(2), 415–425. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0024

Edição

Seção

Notas de pesquisa