Estimativas de mortalidade para o Rio Grande do Norte em um contexto de pré-transição demográfica
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0031Palavras-chave:
Pré-transição demográfica, Mortalidade, Rio Grande do Norte, Técnicas demográficas.Resumo
Para períodos anteriores ao início da transição demográfica há poucos trabalhos quantitativos sobre o impacto da mortalidade na população. Com base nessa lacuna, o presente artigo estimou indicadores de mortalidade para o Rio Grande do Norte no contexto de pré-transição demográfica, utilizando dados do século XIX provenientes de mapas estatísticos de população (1801 e 1805) e de recenseamentos (1872 e 1890). Para lidar com as informações de população e óbito, empregou-se método de Growth Balance de Brass (1975), tabelas de vida de Coale e Demeny (1996), funções extraídas do The Human Mortality Database e técnica de padronização indireta. Como resultados, verificou-se que a mortalidade no Rio Grande do Norte se mostrou mais intensa na população infantil e naquela acima de 50 anos, que representam os segmentos mais vulneráveis às condições adversas como as secas e as doenças infecciosas. Obteve-se também uma expectativa de vida ao nascer de 32,6 anos, valor muito próximo às estimativas de Mortara (1941) para o Brasil entre 1870 e 1890. Sugerem-se novos estudos para o período de pré-transição demográfica e maior utilização de técnicas quantitativas em análises voltadas para o passado brasileiro.
Downloads
Referências
ALDEN, D. The population of Brazil in the late eighteen century: a preliminary study. Hispanic American Historical Review, v. 43, p. 173-205, maio 1963.
ALVES, J. E. D. A polêmica Malthus versus Condorcet reavaliada à luz da transição demográfica. Rio de Janeiro: IBGE, Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2002 (Textos para discussão, n. 4).
ARAÚJO, A. I. C.; MACEDO, M. K. O sertão febril: impacto microbiano e escravidão nos espaços (in)salubres da Província do Rio Grande do Norte, Ribeira do Seridó (1856-1888). Mneme – Revista de Humanidades, v. 12, n. 30, p. 343-352, jul./dez. 2011.
BOTELHO, T. R. População e nação no Brasil do século XIX. 1998. 241 f. Tese (Doutorado em História) – Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
BRASS, W. Methods for estimating fertility and mortality from limited and defective data. Chapell Hill: University of North Carolina at Chapell Hill, International Program of Laboratories for Population Statistics, 1975.
CARVALHO, J. A. M; SAWYER, D. O.; RODRIGUES, R. N. Introdução a alguns conceitos básicos e medidas em demografia. Belo Horizonte: Abep, 1998 (Série Textos Didáticos, n. 1).
CASCUDO, L. C. Capítulo XI. História do Rio Grande do Norte. 2. ed. Natal/Rio de Janeiro: Fundação José Augusto; Achiame, 1984. p. 275-289.
COALE, A. J.; DEMENY, P. Regional model life tables and stable population. New Jersey: Princeton University Press, 1966.
DIAS, P. de O. Onde fica o sertão rompem-se as águas: processo de territorialização da ribeira do Apodi-Mossoró (1676-1725). Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em História – PPGH, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.
DIAS, T. A. Dinâmicas mercantis coloniais: capitania do Rio Grande do Norte (1760-1821). Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em História – PPGH, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011.
FRANCO, O. História da febre amarela no Brasil. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais, 1969.
GUERRA, F. Secas do Nordeste. In: ROSADO, V. (Org.). Memorial da seca. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal/ESAM, 1981 (Coleção Mossoroense).
HILL, K.; CHOI, Y. Death distribution methods for estimating adult mortality: sensitivity analysis with simulated data errors. Adult mortality in developing countries workshop. Marin County, California: The Marconi Center, July 2004.
HILL, K. Estimating census and death registration completeness. Asian and Pacific Population Forum, v. 1, n. 3, p. 8-12, 1987.
LYRA, A.T. de. A independência do Brasil no Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Pongetti, 2011.
______. As secas do Nordeste. In: ROSADO, V. (Org.). Memorial da seca. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal/ESAM, 1981 (Coleção Mossoroense).
______. História do Rio Grande do Norte. 3. ed. Natal: EDUFRN, 2008.
MACEDO, H. A. M. de. História indígena no sertão da capitania do Rio Grande após as guerras dos bárbaros. In: MACEDO, H. A. M. de; ARAUJO, M. A. A.; SANTOS, R. da S. (Org.). Seridó potiguar: tempos, espaços, movimentos. 1. ed. João Pessoa: Ideia Editora, 2011. v. 1.
MARCÍLIO, M. L. Crescimento histórico da população brasileira até 1872. Cadernos Cebrap, n. 16, 1973.
MEDEIROS, T. Aspectos geopolíticos e antropológicos da história do Rio Grande do Norte. Natal: Imprensa Universitária, 1973.
MONTEIRO, D. M. Introdução à história do Rio Grande do Norte. 2. ed. Natal: Coopertativa Cultural, 2002.
MORTARA, G. Estudos sobre a utilização do censo demográfico para a reconstrução das estatísticas do movimento da população do Brasil. VII Tabelas de mortalidade e de sobrevivência para os períodos de 1870-1890 e 1890-1920. Cálculo, exame e comparações internacionais. Revista Brasileira de Estatística, ano II, n. 7, p. 494-538, 1941.
NADALIN, S. O. História e demografia: elementos para um diálogo. Campinas: Associação Brasileira de Estudos Populacionais – Abep, 2004.
PAIVA, C. A. et al. Publicação crítica do recenseamento geral do Império do Brasil de 1872. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2012.
PAIVA, Y. A demografia da Paraíba. Uma análise preliminar, 1774-1820. Anais de Historia de Alem-Mar, n. 16, p. 205-226, 2015.
PRATA, P. A transição epidemiológica no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 8, n. 2, p. 168-175, 1992.
PRESTON, S. et al. Estimating the completeness of reporting of adult deaths in populations that are approximately stable. Population Studies, v. 46, n. 2, p. 179-202, 1980.
RODARTE, M. M. S. O trabalho do fogo: perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução na Minas Gerais Oitocentista. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Demografia –PPGD, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, 2008.
SANTOS, A. R. Cemitérios no Seridó, século XIX: construindo de uma pesquisa. Revista Inter-Legere, p. 48-76, jan./jun. 2013.
SANTOS, P. P. dos. Evolução econômica do Rio Grande do Norte. Natal: Clima, 1994.
WOOD, C. H.; CARVALHO, J. A. M. A demografia da desigualdade no Brasil. Rio de Janeiro: Ipea, 1994.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os artigos publicados na Rebep são originais e protegidos sob a licença Creative Commons do tipo atribuição (CC-BY). Essa licença permite reutilizar as publicações na íntegra ou parcialmente para qualquer propósito, de forma gratuita, mesmo para fins comerciais. Qualquer pessoa ou instituição pode copiar, distribuir ou reutilizar o conteúdo, desde que o autor e a fonte original sejam propriamente mencionados.