Estimativas de mortalidade para o Rio Grande do Norte em um contexto de pré-transição demográfica

Autores

  • Luciana Conceição de Lima Universidade Federal do Rio Grande do Norte http://orcid.org/0000-0003-1385-5908
  • Dayane Julia Carvalho Dias NEPO/UNICAMP
  • Luana Junqueira Dias Myrrha Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0031

Palavras-chave:

Pré-transição demográfica, Mortalidade, Rio Grande do Norte, Técnicas demográficas.

Resumo

Para períodos anteriores ao início da transição demográfica há poucos trabalhos quantitativos sobre o impacto da mortalidade na população. Com base nessa lacuna, o presente artigo estimou indicadores de mortalidade para o Rio Grande do Norte no contexto de pré-transição demográfica, utilizando dados do século XIX provenientes de mapas estatísticos de população (1801 e 1805) e de recenseamentos (1872 e 1890). Para lidar com as informações de população e óbito, empregou-se método de Growth Balance de Brass (1975), tabelas de vida de Coale e Demeny (1996), funções extraídas do The Human Mortality Database e técnica de padronização indireta. Como resultados, verificou-se que a mortalidade no Rio Grande do Norte se mostrou mais intensa na população infantil e naquela acima de 50 anos, que representam os segmentos mais vulneráveis às condições adversas como as secas e as doenças infecciosas. Obteve-se também uma expectativa de vida ao nascer de 32,6 anos, valor muito próximo às estimativas de Mortara (1941) para o Brasil entre 1870 e 1890. Sugerem-se novos estudos para o período de pré-transição demográfica e maior utilização de técnicas quantitativas em análises voltadas para o passado brasileiro.

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Biografia do Autor

Luciana Conceição de Lima, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Graduada em Ciências Sociais (2002-2006) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre (2007-2009) e doutora (2009-2013) em Demografia também pela UFMG, atualmente é Professora Adjunta do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) (2014-atual) e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDEM) também da UFRN (2014-atual). Tem atuado nos temas aspectos socioeconômicos da dinâmica demográfica e demografia histórica.

Dayane Julia Carvalho Dias, NEPO/UNICAMP

Graduada em História (2009-2013) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Demografia (2014-2016) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ingressante do curso de doutorado do NEPO/Unicamp em 2017, desenvolve pesquisas relacionadas a demografia histórica.

Luana Junqueira Dias Myrrha, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Possui graduação em Ciências Atuariais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006), mestrado e doutorado em Demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG). Atualmente é Professora Adjunta I no departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e coordenadora da graduação em Ciências Atuariais da UFRN. Suas pesquisas recentes têm se concentrado nos temas: envelhecimento populacional, mercado de trabalho, demografia formal e Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS).

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Publicado

2017-12-20

Como Citar

de Lima, L. C., Dias, D. J. C., & Myrrha, L. J. D. (2017). Estimativas de mortalidade para o Rio Grande do Norte em um contexto de pré-transição demográfica. Revista Brasileira De Estudos De População, 34(3), 509–527. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0031

Edição

Seção

Artigos originais