Livres, libertos e escravos na história da população de Santa Catarina, 1787-1836
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0028Palavras-chave:
Santa Catarina, história da população, escravidãoResumo
O artigo aborda a história da população de Santa Catarina entre 1787 e 1836. A documentação é composta por 12 “mapas” de população. Por meio do uso de instrumentos próprios da demografia histórica, analisam-se as características e transformações da estrutura populacional e econômica da região. A população estudada cresceu, mas com períodos de significativa oscilação. Livres, libertos e escravos apresentavam tendências demográficas diferentes, como o contínuo domínio de mulheres entre livres e libertos e elevadíssima presença de homens entre os cativos. Verificou-se um quadro econômico caracterizado por amplo domínio das atividades agrárias. Os distritos e freguesias com maior proporção de fábricas de farinha e engenhocas de açúcar apresentavam as maiores participações de escravos. Já as localidades com menos engenhos registravam as menores participações de escravos. Constata-se, portanto, a constituição de uma estrutura populacional resultante da concorrência e associação entre o campesinato e a escravidão. Neste quadro, os pequenos agricultores com escravos eram comuns.
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